segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

O MOVIMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL: SOB O OLHAR DA ASSEMBLEIA DE DEUS - MAIOR PROPAGADORA DESSA FÉ

ORIGEM BÍBLICA DO MOVIMENTO PENTECOSTAL

O termo Pentecostalismo é derivado da palavra Pentecostes, uma festa judaica, comemorada anualmente, cinquenta dias após a festa da Páscoa.
A origem desse movimento está registrada na Bíblia Sagrada, escrito por Lucas no livro de Atos dos Apóstolos, mais precisamente no capítulo dois, onde narra que os cristãos se encontravam em Jerusalém, para comemorarem a festa da Páscoa, e estavam congregados num cenáculo e num dado momento daquela reunião foram “cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas conforme o Espírito lhes concedia que falasse” (Atos dos Apóstolos, capítulo 2, versículo 4).
Esse acontecimento, de fato, marca o início do movimento pentecostal no mundo, que na verdade é chamado pela Assembleia de Deus de O Movimento do Espírito Santo, não tendo nenhum vínculo litúrgico com a festa da Páscoa.
Segundo os teólogos que defendem esse movimento, mais precisamente os da Assembleia de Deus, maior propagadora desse movimento através de suas publicações pela editora CPAD (Casa Publicadora das Assembleias de Deus), esse acontecimento foi o cumprimento de uma promessa feita pelo profeta Joel:

“E a de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito” (Joel capítulo 2, versículos 28 e 29).

O próprio Jesus Cristo reforçou essa promessa:

“Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos dos Apóstolos capítulo 1, versículos 5 e 8).

Após aquela festa e esse “derramar do Espírito Santo” os cristãos aqui reunidos regressaram para suas cidades e, aonde chegavam, propagavam a nova fé agregando um grande número de novos crentes que também recebiam o Espírito, formando uma comunidade cristã.
O apóstolo Paulo foi o maior pregador dessa fé e aonde ia anunciava sobre essa nova fé, a religião de Cristo que posteriormente ficou conhecida como Cristianismo.

INFLUÊNCIAS HISTÓRICAS DO MOVIMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL

O movimento Pentecostal no Brasil sofreu influência de uma onda de experiências pentecostal ocorrido na Europa, EUA e de forma isolada em outros países, no que é chamado pelos pentecostais de- “Avivamento”, ou “Onda de Avivamento”.
Um desses movimentos aconteceu na Europa no final do século XIX, como narra Jessé L. Hurlbut, em seu livro História da Igreja Cristã:

“Um grupo de crentes pentecostais realizou uma con­venção em 1897, na Nova Inglaterra. Mais ou menos na mesma época, manifestou-se um avivamento no estado de Carolina do Norte. No estado de Tennessee, se­gundo testemunho de Clara Smith, que mais tarde foi missionária no Egito, havia no ano de 1900 cerca de quarenta ou cinqüenta pessoas batizadas com o Espírito Santo. No mesmo ano manifestou-se um avivamento pentecostal entre um grupo de crentes de nacionalidade .sueca na cidade de Moorhead, Estado de Minnesota, cujos resultados são notáveis ainda na atualidade” (VIDA Acadêmica, 2006, p. 221).

Já no início do século XX, em 1906, um movimento semelhante aconteceu em Los Angeles, na famosa Rua Azuza, quando um pastor negro, William Joseph Seymour, discípulo de Charles Fox Parham em suas reuniões de oração pregavam a doutrina do batismo no Espírito Santo, com o falar em línguas espirituais como evidência inicial da manifestação para os adeptos do movimento, o que atraiu centena de fiéis e se espalhou oi vários lugares.

“No mês de abril de 1906, um grupo de crentes rece­beu o batismo do Espírito Santo, na cidade de Los Angeles, acompanhado do falar em outras línguas. Iniciou-se, então, a distribuição gratuita de uma re­vista, de modo que as notícias se espalharam por toda parte. Numerosos crentes que sentiam sede espiritual viajaram para a cidade de Los Angeles, a fim de se inteirarem, pessoalmente, do que estava acontecendo. Muitos daqueles que observaram as manifestações de caráter divino creram, humilharam-se ante a presença de Deus, e buscaram o batismo do Espírito Santo. Ou­tros, porém, endureceram os corações e zombaram do que viram. Foi por meio da palavra oral e escrita que as noticias chegaram a todos os lugares. Simultaneamente chegavam notícias de que manifestações semelhantes do Espírito Santo aconteceram nas cidades do leste e do centro dos Estados Unidos, e também no Canadá, Chile, Índia, Noruega e nas Ilhas Britânicas. Enquanto se realizava um derramamento do Espírito Santo na cidade de Los Angeles, efetuaram-se, também, reu­niões pentecostais nos acampamentos da cidade de Ashdond, próximo de Duxbury, em  Massachussetts. Em ambos os lugares os crentes receberam o batismo do Espírito Santo, acompanhado do sinal de falar outras línguas” (Hulburt, 2006, p. 224).

Sua origem no Brasil se deu em função do trabalho de dois missionários suecos, membros da igreja Batista, Daniel Berg e Gunnar Vingren, que, segundo seus relatos, receberam uma “revelação” na qual o “Espírito Santo” os ordenava a ir para o Brasil para anunciar essa “nova manifestação do Espírito Santo”. Em 19 de novembro os dois missionários aportaram em Belém do Pará.
Segundo o livro Diário do Pioneiro, de Gunnar Vingren, escrito pelo seu filho Ivar Vingren, e publicado pela CPAD esse desejo missionário se manifestou no coração dele aos 18 anos:

“... no mês de outubro realizamos uma festa para levantar dinheiro a fim de ajudar um irmão que ia sair para o campo missionário como evangelista. Tudo o que eu tinha nessa oportunidade eram 6 coroas, e eu as entreguei como oferta. Quando voltei para casa depois da festa, senti uma alegria imensa, e ouvi uma voz que me dizia: ‘Tú também irás ao campo de evangelização da mesma forma que Emídio!’” (2010, p. 20)

Chegando aqui passaram a frequentar os cultos na igreja Batista, da qual pertenciam nos EUA. Contudo passaram a anunciar a nova doutrina, o que trouxe uma divergência entre os membros, onde uma parte se uniu ao movimento e outra não aceitou. Em 18 de junho de 1911 ambos foram desligados da Igreja Batista.
Entretanto essa nova pregação impactou o coração de Celina Martins de Albuquerque:

“Celina Martins de Albuquerque, membro da Igreja Batista, creu na mensagem pentecostal pregada pelos jovens missionários e recebeu o batismo com o Espírito Santo quando orava de madrugada em sua casa, no dia 2 de junho de 1911, juntamente com outra irmã da sua igreja, Maria de Nazaré”. (Lições Bíblicas, 2º trimestre de 2011, p. 73).

Esse acontecimento deu origem a uma discussão na Igreja Batista de Belém, onde 13 membros foram expulsos. Cinco dias depois, num culto de domingo, estavam reunidos cerca de 18 pessoas, mais os dois missionários, na casa de Celina de Albuquerque, dando origem a Missão Apostólica, que posteriormente, em 11 de janeiro de 1918, foi registrada como Sociedade Evangélica Assembleia de Deus, devido a fundação das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, em 1914, em Hot  Springs e Arkansas, contudo não apresentavam nenhum vínculo institucional entre si.

AVANÇO DA ASSEMBLÉIA DE DEUS NO BRASIL

Daniel Berg e Gunnar Vingren, com os primeiros membros começaram a realizar cultos e diversos lugares do estado do Pará, alcançando também o Amazonas e se espalhando pelo nordeste, nos lugares mais pobres daquela região.
Deste a sua fundação em 1911 até 1956 a Assembleia de Deus estava presente em cada região do Brasil:

“Dessa maneira, apesar das muitas lutas e perseguições, aconteceram os primeiros passos para a fundação de igrejas em todas as regiões do país: Ceará (1914); Alagoas (1914); Paraíba (1914); Roraima (1915); Pernambuco (1916); Rio Grande do Norte (19111, 1918); Maranhão (1921); Espírito Santo (1922); Rondônia (1922); São Paulo (1923); Rio de Janeiro (1924); Rio Grande do Sul (1924); Bahia (1926); Piauí (1927); Minas Gerais (1927); Sergipe (1927); Paraná (1928); Santa Catarina (1920, 1931); Acre (1932); Goiás (1936); Mato Grosso (1936) e Distrito Federal (1956)” (CPAD, 2011, p. 74)

Daniel Berg e seu companheiro foram implacáveis na evangelização e propagação do novo movimento:

“Após a evangelização em Bragança, tornou-se também o pioneiro na evangelização na Ilha de Marajó, onde peregrinou por muitos anos, a bordo em pequenas e grandes canoas. Berg ia de ilha em ilha levando a mensagem bíblica aos pequenos grupos evangélicos que iam se formando por onde passava. Daniel Berg sempre foi muito humilde e simples. Em suas pregações e diálogos, sempre demonstrou essas virtudes. Ninguém o via irritado ou desanimado” (2007, p. 123).
           
Por volta de 1922 um grupo de famílias retirantes do Pará chegam na atual capital federal, Rio de Janeiro, dando início a nova denominação no bairro de São Cristovão.
Em 1924 Gunnar Vingren foi transferido para o Rio de Janeiro, fundando a segunda igreja Assembleia de Deus no Brasil.
Nesse período aconteceu a conversão de Paulo Leivas Macalão, filho de um general, que foi atraído para a Assembleia de Deus por intermédio de um prospecto evangelístico. Grande foi a contribuição desse homem para o avanço da denominação nesse estado e em outros estados da região sudeste, onde o ministério tem maior força. Foi ele o fundador do assim chamado Ministério de Madureira, cuja sede se encontra no bairro de Madureira no Rio de Janeiro.
Além de precursor foi um grande compositor, cujos hinos passaram a fazer parte da Harpa Cristã (hinário oficial das Assembleias de Deus) e são entoados até hoje em suas reuniões.

ASSEMBLÉIA DE DEUS NOS DIAS DE HOJE

Atualmente as Assembleias de Deus se encontram presentes em quase todo o mundo. Recentemente (em 2011) comemorou o seu centenário, contando com milhões de adeptos, como mostra a pesquisa a seguir:

“Numa estimativa feita em 2005, com base em números do Censo Brasileiro, divulgada no Jornal Mensageiro da Paz, as assembleias de Deus teriam chegado a 20 milhões de fiéis espalhados por todo o país em 2010, e representariam 40% dos evangélicos brasileiros ao completar 100 anos de fundação. São mais de trinta mil pastores, mais de seis mil igrejas-sede, mais de dois mil missionários, milhares de obreiros e mais de 100 mil locais de culto nos mais de cinco mil municípios brasileiros” (CPAD, 2011, p. 75).

Nos dias hodiernos falar sobre Assembleia de Deus como uma unidade já não é mais uma possibilidade.
Devido ao grande crescimento da denominação, foi criada a CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil), com sede no Rio de Janeiro. A CGADB é proprietária da CPAD (Casa Publicadora das Assembleias de Deus) tendo O Mensageiro da Paz como jornal oficial.
Constituída por várias convenções estaduais e regionais e vários ministérios filiados (Assembleias de Deus dissidentes dos grandes ministérios), a CGADB atualmente tem como presidente o pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente também da Assembleia de Deus Ministério do Belém, situada em Belém no estado de São Paulo.
O crescimento se deu tão rapidamente nesse período de cem anos que, atualmente, a denominação também se faz presente em quase todos os setores da política nacional, contando com deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores.
A partir do ano de 1982, com o falecimento do pastor Paulo Leivas Macalão (fundador da Assembleia de Deus Ministério de Madureira) assumiu a direção dessa igreja o Pr. Manoel Ferreira (atualmente Bispo Dr. Manoel Ferreira). Com isso a Assembleia de Deus no Brasil sofreu sua maior ruptura, quando o Ministério de Madureira, agora sob nova direção, se desligou da Convenção Geral das Assembleias de Deus – CGADB, alegando divergências quanto ao regimento interno da convenção.
Em setembro de 1989 foi realizada na Bahia uma Assembleia Geral extraordinária onde, a partir das decisões tomadas nessa reunião, foi organizada uma nova convenção totalmente autônoma e independente da CGADB, a Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil Ministério de Madureira (CONAMAD), contando com centena de filiados não só no Brasil como também no exterior, tendo como atual presidente vitalício o Bispo Dr. Manoel Ferreira.
A CONAMAD é proprietária da Editora Betel, órgão oficial dessa convenção tendo O Semeador como jornal oficial, cabendo a todas as igrejas filiadas a utilização de suas publicações.Diante disso, ao falar da Assembleia de Deus na atualidade deve-se observar que está dividida em duas maiores convenções: A CGADB e a CONAMAD, com seus respectivos presidentes.

Pr. Daniel Aguiar
Cabo Frio, 26/012/16

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