ORIGEM BÍBLICA DO MOVIMENTO
PENTECOSTAL
O termo Pentecostalismo
é derivado da palavra Pentecostes, uma festa judaica, comemorada anualmente,
cinquenta dias após a festa da Páscoa.
A origem desse
movimento está registrada na Bíblia Sagrada, escrito por Lucas no livro de Atos
dos Apóstolos, mais precisamente no capítulo dois, onde narra que os cristãos
se encontravam em Jerusalém, para comemorarem a festa da Páscoa, e estavam
congregados num cenáculo e num dado momento daquela reunião foram “cheios do
Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas conforme o Espírito lhes
concedia que falasse” (Atos dos Apóstolos,
capítulo 2, versículo 4).
Esse acontecimento, de
fato, marca o início do movimento pentecostal no mundo, que na verdade é
chamado pela Assembleia de Deus de O Movimento do Espírito Santo, não tendo
nenhum vínculo litúrgico com a festa da Páscoa.
Segundo os teólogos que
defendem esse movimento, mais precisamente os da Assembleia de Deus, maior propagadora
desse movimento através de suas publicações pela editora CPAD (Casa Publicadora
das Assembleias de Deus), esse acontecimento foi o cumprimento de uma promessa
feita pelo profeta Joel:
“E a de ser que, depois, derramarei o meu
Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os
vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os
servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito” (Joel capítulo 2, versículos 28 e 29).
O próprio Jesus Cristo reforçou essa promessa:
“Porque, na verdade, João batizou com água, mas
vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Mas
recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos
confins da terra” (Atos dos Apóstolos
capítulo 1, versículos 5 e 8).
Após aquela festa e
esse “derramar do Espírito Santo” os cristãos aqui reunidos regressaram para
suas cidades e, aonde chegavam, propagavam a nova fé agregando um grande número
de novos crentes que também recebiam o Espírito, formando uma comunidade
cristã.
O apóstolo Paulo foi o
maior pregador dessa fé e aonde ia anunciava sobre essa nova fé, a religião de
Cristo que posteriormente ficou conhecida como Cristianismo.
INFLUÊNCIAS HISTÓRICAS DO MOVIMENTO
PENTECOSTAL NO BRASIL
O movimento Pentecostal
no Brasil sofreu influência de uma onda de experiências pentecostal ocorrido na
Europa, EUA e de forma isolada em outros países, no que é chamado pelos
pentecostais de- “Avivamento”, ou “Onda de Avivamento”.
Um desses movimentos
aconteceu na Europa no final do século XIX, como narra Jessé L. Hurlbut, em seu
livro História da Igreja Cristã:
“Um grupo de crentes pentecostais realizou uma
convenção em 1897, na Nova Inglaterra. Mais ou menos na mesma época,
manifestou-se um avivamento no estado de Carolina do Norte. No estado de
Tennessee, segundo testemunho de Clara Smith, que mais tarde foi missionária
no Egito, havia no ano de 1900 cerca de quarenta ou cinqüenta pessoas batizadas
com o Espírito Santo. No mesmo ano manifestou-se um avivamento pentecostal
entre um grupo de crentes de nacionalidade .sueca na cidade de Moorhead, Estado
de Minnesota, cujos resultados são notáveis ainda na atualidade” (VIDA
Acadêmica, 2006, p. 221).
Já no início do século
XX, em 1906, um movimento semelhante aconteceu em Los Angeles, na famosa Rua
Azuza, quando um pastor negro, William Joseph Seymour, discípulo de Charles Fox
Parham em suas reuniões de oração pregavam
a doutrina do batismo no Espírito Santo, com o falar em línguas espirituais
como evidência inicial da manifestação para os adeptos do movimento, o
que atraiu centena de fiéis e se espalhou oi vários lugares.
“No mês de abril de
1906, um grupo de crentes recebeu o batismo do Espírito Santo, na cidade de
Los Angeles, acompanhado do falar em outras línguas. Iniciou-se, então, a
distribuição gratuita de uma revista, de modo que as notícias se espalharam
por toda parte. Numerosos crentes que sentiam sede espiritual viajaram para a
cidade de Los Angeles, a fim de se inteirarem, pessoalmente, do que estava
acontecendo. Muitos daqueles que observaram as manifestações de caráter divino
creram, humilharam-se ante a presença de Deus, e buscaram o batismo do Espírito
Santo. Outros, porém, endureceram os corações e zombaram do que viram. Foi por
meio da palavra oral e escrita que as noticias chegaram a todos os lugares.
Simultaneamente chegavam notícias de que manifestações semelhantes do Espírito
Santo aconteceram nas cidades do leste e do centro dos Estados Unidos, e também
no Canadá, Chile, Índia, Noruega e nas Ilhas Britânicas. Enquanto se realizava
um derramamento do Espírito Santo na cidade de Los Angeles, efetuaram-se,
também, reuniões pentecostais nos acampamentos da cidade de Ashdond, próximo
de Duxbury, em Massachussetts. Em ambos os
lugares os crentes receberam o batismo do Espírito Santo, acompanhado do sinal
de falar outras línguas” (Hulburt,
2006, p. 224).
Sua origem no Brasil se
deu em função do trabalho de dois missionários suecos, membros da igreja
Batista, Daniel Berg e Gunnar Vingren, que, segundo seus relatos, receberam uma
“revelação” na qual o “Espírito Santo” os ordenava a ir para o Brasil para
anunciar essa “nova manifestação do Espírito Santo”. Em 19 de novembro os dois
missionários aportaram em Belém do Pará.
Segundo o livro Diário
do Pioneiro, de Gunnar Vingren, escrito pelo seu filho Ivar Vingren, e
publicado pela CPAD esse desejo missionário se manifestou no coração dele aos
18 anos:
“... no mês de outubro realizamos uma festa
para levantar dinheiro a fim de ajudar um irmão que ia sair para o campo
missionário como evangelista. Tudo o que eu tinha nessa oportunidade eram 6
coroas, e eu as entreguei como oferta. Quando voltei para casa depois da festa,
senti uma alegria imensa, e ouvi uma voz que me dizia: ‘Tú também irás ao campo
de evangelização da mesma forma que Emídio!’” (2010, p. 20)
Chegando aqui passaram
a frequentar os cultos na igreja Batista, da qual pertenciam nos EUA. Contudo passaram
a anunciar a nova doutrina, o que trouxe uma divergência entre os membros, onde
uma parte se uniu ao movimento e outra não aceitou. Em 18 de junho de 1911
ambos foram desligados da Igreja Batista.
Entretanto essa nova
pregação impactou o coração de Celina Martins de Albuquerque:
“Celina Martins de Albuquerque, membro da
Igreja Batista, creu na mensagem pentecostal pregada pelos jovens missionários
e recebeu o batismo com o Espírito Santo quando orava de madrugada em sua casa,
no dia 2 de junho de 1911, juntamente com outra irmã da sua igreja, Maria de
Nazaré”. (Lições Bíblicas, 2º trimestre de 2011, p. 73).
Esse acontecimento deu
origem a uma discussão na Igreja Batista de Belém, onde 13 membros foram
expulsos. Cinco dias depois, num culto de domingo, estavam reunidos cerca de 18
pessoas, mais os dois missionários, na casa de Celina de Albuquerque, dando
origem a Missão Apostólica, que posteriormente, em 11 de janeiro de 1918, foi
registrada como Sociedade Evangélica Assembleia de Deus, devido a fundação das
Assembleias de Deus nos Estados Unidos, em 1914, em Hot Springs e Arkansas, contudo não apresentavam
nenhum vínculo institucional entre si.
AVANÇO
DA ASSEMBLÉIA DE DEUS NO BRASIL
Daniel Berg e Gunnar
Vingren, com os primeiros membros começaram a realizar cultos e diversos lugares
do estado do Pará, alcançando também o Amazonas e se espalhando pelo nordeste,
nos lugares mais pobres daquela região.
Deste a sua fundação em
1911 até 1956 a Assembleia de Deus estava presente em cada região do Brasil:
“Dessa maneira, apesar das muitas lutas e
perseguições, aconteceram os primeiros passos para a fundação de igrejas em
todas as regiões do país: Ceará (1914); Alagoas (1914); Paraíba (1914); Roraima
(1915); Pernambuco (1916); Rio Grande do Norte (19111, 1918); Maranhão (1921); Espírito
Santo (1922); Rondônia (1922); São Paulo (1923); Rio de Janeiro (1924); Rio
Grande do Sul (1924); Bahia (1926); Piauí (1927); Minas Gerais (1927); Sergipe
(1927); Paraná (1928); Santa Catarina (1920, 1931); Acre (1932); Goiás (1936);
Mato Grosso (1936) e Distrito Federal (1956)” (CPAD, 2011, p. 74)
Daniel Berg e seu
companheiro foram implacáveis na evangelização e propagação do novo movimento:
“Após a evangelização em Bragança, tornou-se
também o pioneiro na evangelização na Ilha de Marajó, onde peregrinou por
muitos anos, a bordo em pequenas e grandes canoas. Berg ia de ilha em ilha
levando a mensagem bíblica aos pequenos grupos evangélicos que iam se formando
por onde passava. Daniel Berg sempre foi muito humilde e simples. Em suas
pregações e diálogos, sempre demonstrou essas virtudes. Ninguém o via irritado
ou desanimado” (2007, p. 123).
Por volta de 1922 um
grupo de famílias retirantes do Pará chegam na atual capital federal, Rio de
Janeiro, dando início a nova denominação no bairro de São Cristovão.
Em 1924 Gunnar Vingren
foi transferido para o Rio de Janeiro, fundando a segunda igreja Assembleia de
Deus no Brasil.
Nesse período
aconteceu a conversão de Paulo Leivas Macalão, filho de um general, que foi
atraído para a Assembleia de Deus por intermédio de um prospecto evangelístico.
Grande foi a contribuição desse homem para o avanço da denominação nesse estado
e em outros estados da região sudeste, onde o ministério tem maior força. Foi
ele o fundador do assim chamado Ministério de Madureira, cuja sede se encontra
no bairro de Madureira no Rio de Janeiro.
Além de precursor foi
um grande compositor, cujos hinos passaram a fazer parte da Harpa Cristã
(hinário oficial das Assembleias de Deus) e são entoados até hoje em suas
reuniões.
ASSEMBLÉIA
DE DEUS NOS DIAS DE HOJE
Atualmente as
Assembleias de Deus se encontram presentes em quase todo o mundo. Recentemente
(em 2011) comemorou o seu centenário, contando com milhões de adeptos, como
mostra a pesquisa a seguir:
“Numa estimativa feita em 2005, com base em
números do Censo Brasileiro, divulgada no Jornal Mensageiro da Paz, as assembleias de Deus teriam chegado a 20
milhões de fiéis espalhados por todo o país em 2010, e representariam 40% dos
evangélicos brasileiros ao completar 100 anos de fundação. São mais de trinta
mil pastores, mais de seis mil igrejas-sede, mais de dois mil missionários,
milhares de obreiros e mais de 100 mil locais de culto nos mais de cinco mil
municípios brasileiros” (CPAD, 2011,
p. 75).
Nos dias hodiernos
falar sobre Assembleia de Deus como uma unidade já não é mais uma possibilidade.
Devido ao grande
crescimento da denominação, foi criada a CGADB (Convenção Geral das Assembleias
de Deus no Brasil), com sede no Rio de Janeiro. A CGADB é proprietária da CPAD
(Casa Publicadora das Assembleias de Deus) tendo O Mensageiro da Paz como jornal oficial.
Constituída por várias
convenções estaduais e regionais e vários ministérios filiados (Assembleias de Deus
dissidentes dos grandes ministérios), a CGADB atualmente tem como
presidente o pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente também da
Assembleia de Deus Ministério do Belém, situada em Belém no estado de São
Paulo.
O crescimento se deu
tão rapidamente nesse período de cem anos que, atualmente, a denominação também
se faz presente em quase todos os setores da política nacional, contando com
deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores.
A partir do ano de
1982, com o falecimento do pastor Paulo Leivas Macalão (fundador da Assembleia de Deus Ministério de Madureira) assumiu a direção
dessa igreja o Pr. Manoel Ferreira (atualmente Bispo Dr. Manoel Ferreira). Com
isso a Assembleia de Deus no Brasil sofreu sua maior ruptura, quando o Ministério
de Madureira, agora sob nova direção, se desligou da Convenção Geral das
Assembleias de Deus – CGADB, alegando divergências quanto ao regimento interno
da convenção.
Em setembro de 1989 foi
realizada na Bahia uma Assembleia Geral extraordinária onde, a partir das
decisões tomadas nessa reunião, foi organizada uma nova convenção totalmente
autônoma e independente da CGADB, a
Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil Ministério de Madureira
(CONAMAD), contando com centena de filiados não só no Brasil como
também no exterior, tendo como atual presidente vitalício o Bispo Dr. Manoel
Ferreira.
A CONAMAD é
proprietária da Editora Betel, órgão oficial dessa convenção tendo O Semeador como jornal oficial, cabendo a
todas as igrejas filiadas a utilização de suas publicações.Diante
disso, ao falar da Assembleia de Deus na atualidade deve-se observar que está
dividida em duas maiores convenções: A CGADB e a CONAMAD, com seus respectivos
presidentes.
Pr. Daniel Aguiar
Cabo Frio, 26/012/16
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