O evangelista Mateus narra com maestria os
ensinamentos de Jesus Cristo. De modo didático o escritor do primeiro Evangelho
narra a parte inicial do sermão do Filho de Deus, conhecido como o Sermão da
Montanha (ou do monte), que abrange os capítulos 5 – 7, cuja parte inicial é denominada
de "Bem-aventuranças" ou "Beatitudes" (cap. 5.1-12).
Neste contexto Cristo, orienta a conduta
dos seus servos contrapondo o sistema vigente e sua época. Tais orientações
visavam fazer com que os homens agradassem a Deus em seu modo de viver.
Ao se deparar com a multidão reunida, o Mestre
se encontrava diante do momento ideal para iniciar a sua pregação e, em todos
os tópicos abordados nesse sermão, Ele sempre inicia com a frase:
“Bem-aventurado”.
Tal termo tem origem no grego makarios que significa feliz. Segundo o historiador Homero, tal
expressão fala sobre os felizardos. compreendemos
por este contexto que ao iniciar os versículos com a expressão "Bem-aventurados" Cristo
estava dizendo: “Felizardos sejam”.
A primeira parte abordada pelo Messias em
sua preleção é dirigida não à elite da sociedade do primeiro século da era
Cristã, mas à uma classe que Ele denomina como
"pobres de espírito".
Esta frase tem sido muito mal interpretada
ao longo dos anos pela famosa eugesese (termo popular que significa interpretação
livre e pessoal), mas vamos compreendê-la diretamente à luz da linguagem
bíblica neotestamentária.
Vale salientar que no hebraico, língua em
que foi escrito o Antigo Testamento, pobre não era aquele indivíduo sem
privilégios econômicos, mas os que necessitavam e buscavam o auxílio divino. Já
no grego, língua original do Novo Testamento, tal palavra vem de ptochos, que significa grande pobreza, oriundo de rastejar ou se ajoelhar, atos praticados comumente por pedintes, mendigos
(Lucas 18.35; Atos 3.2,3).
Vale destacar também que o vocábulo
"pobres" possui um complemento, “pobres
de espírito”, o que demostra a riqueza da mensagem de Jesus, pois assim
como pobre (na raiz do grego e hebraico) representa dependência total de
outrem, “pobres de espírito” fala
sobre aqueles que dependem exclusiva e totalmente de Deus, e recorrem a Ele em
busca de socorro.
O Salvador aqui está se dirigindo a um
grupo seleto que reconhece que nada tem e conseguirá sem a Sua contribuição.
São os humildes, não os altivos. São aqueles que agem como o publicano e não
como o fariseu da oração no templo (Lucas 18.10-14). Aqueles que, como o
Apóstolo Paulo, reconhecem que são miseráveis em sua natureza pecaminosa
(Romanos 7.24) ou como Davi, que não oculta o seu pecado, mas o reconhece e
clama ao Senhor em busca de misericórdia (Salmo 51).
Tal ação aproxima Deus do homem:
“Porque está o Senhor
dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito.” (Salmo
34.18).
Tal ação faz com que Deus jamais se ausente
de nós:
“Os sacrifícios para Deus
são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não
desprezarás, ó Deus.” (Salmo 51.17)
Que a cada dia possamos desenvolver a nossa
contínua e completa dependência de Deus. Reconhecermos que sem Ele nada somos e
nada temos, pois a recompensa já foi declarada por Cristo:
“[...]
deles é o reino dos céus”
São Paulo/ SP
15.01.2019
Um comentário:
Muito bom gostei do comentário.
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