Esta
terceira carta é direcionada a uma cidade cujo significado de seu nome
identificava a sua natureza. Pérgamo significa casamento ou alto e
elevado. Etimologicamente tal nome é formado por duas palavras Pergaminho e Gamia nos dando o sentido de casada com o pergaminho, casada com o conhecimento. Segundo Donald Stamps havia quatro seitas dentro desta cidade. A
mensagem da carta destaca a importância de o cristão permanecer intacto, sem se
misturar com o sistema, mas ser a luz que o mundo precisa.
A
CIDADE DE PÉRGAMO: Considerada a
primeira cidade da Ásia e a mais importante cidade da Misia. Segundo Plínio era
a mais famosa cidade asiática. Erguida sobre um alto monte, com cerca de 300m
de altura o que a transformou numa fortaleza natural. Sua população era rica em
conhecimento. O pensamento grego era forte e seu seio, para isso havia uma biblioteca
com cerca de 200 mil volumes. Lá os pergaminhos egípcios eram fabricados.
Pergaminho vem de Pérgamo. Em termos religiosos era rival de Éfeso na adoração
a ídolos. Sua principal divindade era Esculápio/ Asclépio (deus da medicina em
forma de serpente) o que fez com que muitos peregrinassem para lá em busca da
cura para suas enfermidades.
A
IGREJA DE PÉRGAMO: Não sabemos ao
certo quem e nem quando essa igreja fora fundada. Apenas os capítulos 1 e 2 de
Apocalipse citam o seu nome. Alguns afirmam que ela foi fundada durante a
estada de Paulo em Éfeso. O que podemos compreender por alto são as coisas que
o texto faz referência, todavia não podemos dar voz naquilo que a Bíblia se
cala.
ESTRUTURA
DA CARTA:
v.
12 “...aquele te tem a espada aguda de dois fios” O modo como
Cristo se apresenta a esta igreja representa o estado em que ela se encontrava.
Havia nela uma corrupção muito grande. Homens sem pudor corrompiam a fé e os
costumes da igreja. Cristo se apresenta como o portador da espada de dois fios,
o que representa a Sua Palavra com um poder sobrenatural de penetrar o mais
profundo do coração do homem. Ele é aquele que faz a guerra e implanta a
justiça. Para uma igreja rodeada pelas heresias somente uma arma poderosa como
a espada (Bíblia) é capaz de combatê-la.
v.
13 “Eu sei as tuas obras e onde habitas...” Cristo destaca a sua onisciência, ou seja, a
capacidade de saber de todas as coisas. Além disso ele é onipresente e
onipotente. Nada foge do seu controle. Não há nada oculto para Ele (Hb 4.13).
Ao afirmar Eu sei Ele está dizendo que sabe de tudo, inclusive o que se
passa dentro do coração do homem (Jr 17.10).
v.
13 “...e onde habitas... trono de satanás...” Pérgamo era um local que concentrava quatro seitas,
cada uma dedicada ao seu respectivo deus (Zeus, Dionísio, Esculápio e Atenas).
Cada um desses deuses possuía sacerdotes que conduziam suas reuniões e
procediam com os rituais e sacrifícios. Além desse fator, desde o ano 29 d. C.
foi o local do templo dedicado a Roma e a Augusto (idolatria oficial do
império). Mais à frente foram construídos os templos dedicados a Trajano e
Severo. Por trás da cidade havia uma colina com diversos altares. Só o altar de
Zeus possuía de 34 – 37m de altura.
v.
13 “...e reténs o meu nome e não negaste a minha fé...” A perseguição ao cristianismo era terrível, todavia os
cristãos desta cidade decidiram não abrir mãos dos princípios sagrados. Eram
crentes fiéis que, mesmo diante da morte, não deixavam de anunciar o nome de
Jesus. Reter o nome de Cristo e mantê-lo intacto dentro de seus corações mesmo
diante das dificuldades.
v.
13 “... ainda nos dias de Antipas... onde satanás habita.” Aqui está uma referência a alguém que foi fiel até a
morte. Segundo o pai da igreja Tertuliano, Antipas foi Pastor de Pérgamo e, por
causa de sua fidelidade a Deus, foi colocado dentro de um boi de bronze sendo
sufocado e queimado. Sobre a sua morte Semeão Metafrastes fala o mesmo. O nome
Antipas significa aquele que é contra todos. Realmente não era fácil ser
cristão nesse tempo.
v.
14 “Mas poucas coisas tenho contra ti... doutrina de Balaão” Balaão foi um profeta contratado por Balaque para
lançar tropeços diante dos israelitas. Ele resistiu no começo, mas cedeu a
grande oferta e influenciou o povo de Israel a idolatria e seus derivados como
a imoralidade. Como era doutrina, tratava-se de “verdades” pregadas por
ensinadores negligentes. Segundo alguns estudiosos havia nesta igreja “mestres”
que pregavam que o indivíduo poderia ser salvo mesmo praticando a imoralidade.
Balaão é um dos três homens caídos citados no N.T. (Jd 11). Segundo Scoffield
fala de ensino pseudobíblico, que torce as Escrituras com artifícios teológicos
e hermenêuticos. É o corrompimento da Graça com uma teologia permissiva e
eticamente tolerante, conduzindo o povo a prostituição, idolatria. Cristo
repreende a tolerância a tais ensinamentos antibíblicos.
v.
15 “doutrina dos Nicolaítas... eu aborreço” O que em Éfeso eram obras (2.6) ganhou tanto espaço
que se tornou uma “doutrina”. O que nos chama a atenção é que o mal
cresce rapidamente e isso aborrece ao Senhor. As heresias estão se espalhando
de modo ligeiro. Essa doutrina tem a mesma função da doutrina de
Balaão, pois conduz o povo a um rebaixamento moral e espiritual. O grande problema
foi a acomodação da igreja ante a ação do inimigo.
v.
16 “Arrepende-te...” Trata-se
da oportunidade dada por Deus para recomeçarmos a partir de uma mudança interna
(constrangimento) que resulta numa ação externa. Este é o único caminho que
conduz o homem de volta a Deus. Em toda a Bíblia esta é a condição do homem que
atrai a pessoa de Cristo. Foi o mesmo convite que Ele fez a Éfeso (2.5).
v.
16 “...batalharei com a espada da minha boca” Diante de
tanta heresia somente uma arma seria capaz de garantir a segurança da fé dos
cristãos – A Palavra de Deus (Rm 10.17). Nenhuma espada tem melhor fio e
alcance do que as Escrituras (Hb 4.12). Deus está disposto a se opor aos
opositores de sua obra. Ele lutará contra os crentes mundanos, caso não se arrependam.
v.
17 “Quem tem ouvidos ouça...diz as igrejas” Cristo continua falando. É necessária muita sensibilidade
e total atenção às suas advertências as suas igrejas. Ele nos convida a
combater o pecado e batalhar pela fé (Jd v. 3).
v.
17 “...maná escondido...pedra branca... novo nome...” Maná escondido - Os cultos pagãos eram
regados de comidas, misticismo e orgias. O culto a Dionísio/Baco era um exemplo
disso. Aqueles que recusaram qualquer participação na mesa dos demônios seriam
sustentados pelo maná de Deus. Jesus é o maná dado pelo Pai (Jo 6:31-65). Ele
sustenta os fiéis e lhes dá vida. A mensagem de Jesus continua oculta para os
sábios deste mundo (I Co 2:6-10). Trata-se de sustentação – A Palavra. Pedra
branca - A pedrinha branca pode incluir vários significados: * Indicar
a inocência de pessoas acusadas de crimes, ou seja, a absolvição de todos os
pecados; * Dadas a escravos libertados para mostrar sua cidadania; *Usadas
pelos romanos como um tipo de ingresso para alguns eventos; *Dadas aos
vencedores de corridas e aos vitoriosos em batalha, assim como a coroa de
louros. Novo nome - Uma nova direção, nova vida, nova história:
Abraão, Sara, Jacó, Josué. A igreja se casará com Cristo e Ele a concederá um novo
nome e a conduzirá a condição de esposa.
Deus vos abençoe ricamente! Paz! Pr. Daniel Aguiar