sábado, 14 de setembro de 2019

CARTA AS SETE IGREJAS DA ÁSIA - PÉRGAMO

Texto base: Apocalipse 2.12-17
Esta terceira carta é direcionada a uma cidade cujo significado de seu nome identificava a sua natureza. Pérgamo significa casamento ou alto e elevado. Etimologicamente tal nome é formado por duas palavras Pergaminho e Gamia nos dando o sentido de casada com o pergaminho, casada com o conhecimento. Segundo Donald Stamps havia quatro seitas dentro desta cidade. A mensagem da carta destaca a importância de o cristão permanecer intacto, sem se misturar com o sistema, mas ser a luz que o mundo precisa.
A CIDADE DE PÉRGAMO: Considerada a primeira cidade da Ásia e a mais importante cidade da Misia. Segundo Plínio era a mais famosa cidade asiática. Erguida sobre um alto monte, com cerca de 300m de altura o que a transformou numa fortaleza natural. Sua população era rica em conhecimento. O pensamento grego era forte e seu seio, para isso havia uma biblioteca com cerca de 200 mil volumes. Lá os pergaminhos egípcios eram fabricados. Pergaminho vem de Pérgamo. Em termos religiosos era rival de Éfeso na adoração a ídolos. Sua principal divindade era Esculápio/ Asclépio (deus da medicina em forma de serpente) o que fez com que muitos peregrinassem para lá em busca da cura para suas enfermidades.
A IGREJA DE PÉRGAMO: Não sabemos ao certo quem e nem quando essa igreja fora fundada. Apenas os capítulos 1 e 2 de Apocalipse citam o seu nome. Alguns afirmam que ela foi fundada durante a estada de Paulo em Éfeso. O que podemos compreender por alto são as coisas que o texto faz referência, todavia não podemos dar voz naquilo que a Bíblia se cala.

ESTRUTURA DA CARTA:
v. 12 “...aquele te tem a espada aguda de dois fios” O modo como Cristo se apresenta a esta igreja representa o estado em que ela se encontrava. Havia nela uma corrupção muito grande. Homens sem pudor corrompiam a fé e os costumes da igreja. Cristo se apresenta como o portador da espada de dois fios, o que representa a Sua Palavra com um poder sobrenatural de penetrar o mais profundo do coração do homem. Ele é aquele que faz a guerra e implanta a justiça. Para uma igreja rodeada pelas heresias somente uma arma poderosa como a espada (Bíblia) é capaz de combatê-la.
v. 13 “Eu sei as tuas obras e onde habitas...” Cristo destaca a sua onisciência, ou seja, a capacidade de saber de todas as coisas. Além disso ele é onipresente e onipotente. Nada foge do seu controle. Não há nada oculto para Ele (Hb 4.13). Ao afirmar Eu sei Ele está dizendo que sabe de tudo, inclusive o que se passa dentro do coração do homem (Jr 17.10).
v. 13 “...e onde habitas... trono de satanás...” Pérgamo era um local que concentrava quatro seitas, cada uma dedicada ao seu respectivo deus (Zeus, Dionísio, Esculápio e Atenas). Cada um desses deuses possuía sacerdotes que conduziam suas reuniões e procediam com os rituais e sacrifícios. Além desse fator, desde o ano 29 d. C. foi o local do templo dedicado a Roma e a Augusto (idolatria oficial do império). Mais à frente foram construídos os templos dedicados a Trajano e Severo. Por trás da cidade havia uma colina com diversos altares. Só o altar de Zeus possuía de 34 – 37m de altura.
v. 13 “...e reténs o meu nome e não negaste a minha fé...” A perseguição ao cristianismo era terrível, todavia os cristãos desta cidade decidiram não abrir mãos dos princípios sagrados. Eram crentes fiéis que, mesmo diante da morte, não deixavam de anunciar o nome de Jesus. Reter o nome de Cristo e mantê-lo intacto dentro de seus corações mesmo diante das dificuldades.
v. 13 “... ainda nos dias de Antipas... onde satanás habita.” Aqui está uma referência a alguém que foi fiel até a morte. Segundo o pai da igreja Tertuliano, Antipas foi Pastor de Pérgamo e, por causa de sua fidelidade a Deus, foi colocado dentro de um boi de bronze sendo sufocado e queimado. Sobre a sua morte Semeão Metafrastes fala o mesmo. O nome Antipas significa aquele que é contra todos. Realmente não era fácil ser cristão nesse tempo.
v. 14 “Mas poucas coisas tenho contra ti... doutrina de Balaão” Balaão foi um profeta contratado por Balaque para lançar tropeços diante dos israelitas. Ele resistiu no começo, mas cedeu a grande oferta e influenciou o povo de Israel a idolatria e seus derivados como a imoralidade. Como era doutrina, tratava-se de “verdades” pregadas por ensinadores negligentes. Segundo alguns estudiosos havia nesta igreja “mestres” que pregavam que o indivíduo poderia ser salvo mesmo praticando a imoralidade. Balaão é um dos três homens caídos citados no N.T. (Jd 11). Segundo Scoffield fala de ensino pseudobíblico, que torce as Escrituras com artifícios teológicos e hermenêuticos. É o corrompimento da Graça com uma teologia permissiva e eticamente tolerante, conduzindo o povo a prostituição, idolatria. Cristo repreende a tolerância a tais ensinamentos antibíblicos.
v. 15 “doutrina dos Nicolaítas... eu aborreço” O que em Éfeso eram obras (2.6) ganhou tanto espaço que se tornou uma “doutrina”. O que nos chama a atenção é que o mal cresce rapidamente e isso aborrece ao Senhor. As heresias estão se espalhando de modo ligeiro. Essa doutrina tem a mesma função da doutrina de Balaão, pois conduz o povo a um rebaixamento moral e espiritual. O grande problema foi a acomodação da igreja ante a ação do inimigo.
v. 16 “Arrepende-te...” Trata-se da oportunidade dada por Deus para recomeçarmos a partir de uma mudança interna (constrangimento) que resulta numa ação externa. Este é o único caminho que conduz o homem de volta a Deus. Em toda a Bíblia esta é a condição do homem que atrai a pessoa de Cristo. Foi o mesmo convite que Ele fez a Éfeso (2.5).
v. 16 “...batalharei com a espada da minha boca” Diante de tanta heresia somente uma arma seria capaz de garantir a segurança da fé dos cristãos – A Palavra de Deus (Rm 10.17). Nenhuma espada tem melhor fio e alcance do que as Escrituras (Hb 4.12). Deus está disposto a se opor aos opositores de sua obra. Ele lutará contra os crentes mundanos, caso não se arrependam.
v. 17 “Quem tem ouvidos ouça...diz as igrejas” Cristo continua falando. É necessária muita sensibilidade e total atenção às suas advertências as suas igrejas. Ele nos convida a combater o pecado e batalhar pela fé (Jd v. 3).
v. 17 “...maná escondido...pedra branca... novo nome...” Maná escondido - Os cultos pagãos eram regados de comidas, misticismo e orgias. O culto a Dionísio/Baco era um exemplo disso. Aqueles que recusaram qualquer participação na mesa dos demônios seriam sustentados pelo maná de Deus. Jesus é o maná dado pelo Pai (Jo 6:31-65). Ele sustenta os fiéis e lhes dá vida. A mensagem de Jesus continua oculta para os sábios deste mundo (I Co 2:6-10). Trata-se de sustentação – A Palavra. Pedra branca - A pedrinha branca pode incluir vários significados: * Indicar a inocência de pessoas acusadas de crimes, ou seja, a absolvição de todos os pecados; * Dadas a escravos libertados para mostrar sua cidadania; *Usadas pelos romanos como um tipo de ingresso para alguns eventos; *Dadas aos vencedores de corridas e aos vitoriosos em batalha, assim como a coroa de louros. Novo nome - Uma nova direção, nova vida, nova história: Abraão, Sara, Jacó, Josué. A igreja se casará com Cristo e Ele a concederá um novo nome e a conduzirá a condição de esposa.
Deus vos abençoe ricamente! Paz!                                                                                                                                           Pr. Daniel Aguiar

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

CARTA AS SETE IGREJAS DA ÁSIA - ESMIRNA


Texto base: Apocalipse 2.8-11
 Juntamente com Filadélfia esta foi uma igreja que não recebeu nenhuma repreensão divina. Mesmo assim Cristo frisou que ela passaria por várias tribulações, todavia deveria manter-se fiel ao Senhor até mesmo mesmo diante da morte, pois a coroa da justiça seria a sua garantia final.
Deus se alegra de nossa perseverança e anseia nos recompensar com a nossa vitória eterna.

A CIDADE DE ESMIRNA: Vimos na lição anterior que Éfeso era a primeira maior cidade da Ásia Menor. Nesse contexto Esmirna era a segunda mais importante cidade desta localidade no período em que a carta fora escrita.
Conhecida por sediar um grande comércio e riqueza, em termos geográficos se localizava a 40km ao norte de Éfeso. Apelidada de “O porto da Ásia”. Atualmente é uma das mais importantes cidades da Turquia e ponto turístico procurado por pessoas de várias partes.
A IGREJA DE ESMIRNA: Provavelmente fundada pelo Apóstolo Paulo quando este pregava em Éfeso (At 9.10). Seu nome significa “mirra” uma especiaria muito utilizado no mundo antigo. Esta igreja possuía dois inimigos ferrenhos: Os judaizantes que se opunham ao cristianismo e os não judaizantes que eram fieis a religião romana e ao imperador. Assim como a mirra esta igreja era apertada pela perseguição, todavia em meio as lutas o bom perfume de Cristo era exalado mostrando o seu real valor.

ESTRUTURA DA CARTA:
v.8 “Isto diz o Primeiro e o Último” O modo como Cristo se apresenta a esta igreja demonstra o seu poderio. Ao afirmar ser o Primeiro Ele reforça a ideia de que todas as coisas surgiram com Ele “no princípio”.  Ao afirmar ser o Último, traduz a ideia de que Ele julgará a todos. Ao afirmar que era “o... que foi morto e reviveu” Ele testifica de que os nossos pecados foram vencidos com a sua morte e agora Ele está vivo e os nos justifica. De tal modo a Sua morte nos proporcionou salvação e sua vida Graça diária para todos os que crerem em Seu nome.
v.9 “Eu sei as tuas obras...” Cristo conhecia as três características desta igreja: Tribulação, pobreza e blasfêmia dos que se dizem judeus. Aqui está um elogio a esta igreja diante do sofrimento.
Tribulação: Era algo constante para aquela igreja que, como bons soldados de Cristo, precisariam ser fieis. A palavra tribulação vem do grego thlipis que significa ser apertado, espremido. Esse era o contexto desses cristãos, mas a perseverança em Deus foi a maior recomendação (Tg 1.12).
Pobreza: A tribulação gerou pobreza. Apesar da precariedade externa ela era uma igreja era rica de fé. Por fora não havia riquezas, mas espiritualmente desfrutava de uma fartura divina.
Blasfêmia dos que se dizem judeus... Eram aqueles que diziam ser o único povo da aliança. Estavam presos a ritos para que fossem vistos, o que Paulo, seguindo o exemplo de Cristo, veementemente combateu (Rm 2.28,29). Eram perseguidores dos cristãos.  A coisa era tão terrível que Cristo denomina o lugar de culto desse grupo como Sinagoga de Satanás. Este lugar que deveria ser dedicado ao culto a Jeová para os judeus se tornara num lugar de articulação e oposição aos cristãos. Em vez de pregar a Palavra propagavam o erro. Como a sinagoga era de satanás eles se reuniam para atender os propósitos do inimigo.
v.10 “Nada tema das coisas que hás de padecer...” O alerta de Cristo é claro, pois a fidelidade desta igreja a Ele resultaria em lutas no presente como no povir. Observe que não se trata de um pedido, sim uma ordem. Padecer significa sofrer mau físico ou moral e também ter resistência, suportar. Os cristãos de Esmirna enfrentariam lutas das mais diversas, entretanto resistiriam com a graça de Deus.
v.10 “Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão...” O inimigo usa os seus agentes para neutralizar o avanço da igreja de Cristo. Os tiranos são instrumentos do inimigo, pois a perseguição não vem de Deus. A prisão ao longo da história é vista como local de reflexão e, para quem permite, amadurecimento. Durante o governo de alguns imperadores romanos ser cristão era uma situação bem delicada, vejamos alguns exemplos:

* Para Trajano ser cristão era considerado um crime.
* Para Antonino Pio o cristão era uma ameaça para o Estado.
* Para Marco Aurélio o cristianismo era uma ameaça aos deuses.
* Décio restaurou os sacrifícios aos deuses e obrigou os cristãos a negarem a sua fé, caso contrário morreriam.
* Diocleciano matou cerca de 6 milhões de cristãos.

Diante de tanta perseguição as catacumbas de Roma foram palcos de grandes reuniões para muitos de nossos irmãos.
A expressão para que sejais tentados Fala de um propósito do inimigo. Algumas tentações são consequências de nossas ações e outras como objetivos de Deus. Ao afirmar que tereis uma tribulação de dez dias Cristo, através de João, está frisando a intensidade da perseguição, todavia ela seria curta, pois Deus havia dado o prazo (dez dias). A tribulação é necessária para mostrar quem é sincero ou não, aquele que é falso e o que é verdadeiro. Como a igreja de Esmirna era mista, a tribulação serviria como uma peneira de Deus para provar os fiéis. O joio blasfemaria, entretanto o trigo permaneceria.
Historicamente este período teve início em 303 d.C. e estendeu-se até 313 d.C. no governo de Diocleciano e Galério.
v.10 “Sê fiel até a morte... coroa da vida” Realmente os primeiros cristãos, assim como Cristo, encarariam a morte em forma de martírio por não negarem a fé em Cristo. Por esta razão Ele foi incisivo ao dizer até a morte.
Como Esmirna era conhecida por sediar jogos atléticos a coroa de louros e os troféus eram comuns aos vitoriosos. Só receberia a recompensa aquele que fosse fiel. Aos cristãos, as Escrituras nos afirmam, está reservada a vida eterna (Tg 1.12). Aqui fala da fidelidade em meio aos sofrimentos, o que humanamente falando soa contraditório, porém nesse contexto a nossa fé se mostra genuína... Observe que há uma recompensa (coroa) para substituir a pobreza terrena. A vida que entregamos na obra do Senhor será recompensada com uma melhor e eterna. Somente a igreja de Esmirna e Filadélfia Cristo deu a garantia de coroa (Ap 3.11).
v.11 “Quem tem ouvidos ouça... as igrejas” Cristo, apesar de estar falando com apenas uma igreja, não ordenou que o apóstolo João escrevesse à igreja, sim às igrejas. Essa expressão traduz a ideia de que Ele falou com aquela igreja naquela ocasião e continua falando com a igreja ao longo dos anos.
v.11 “Ao que vencer não sofrerá dano da segunda morte” A salvação é a maior garantia dos vitoriosos. Biblicamente falando há três tipos de morte:  espiritual, física e eterna. Esta última fala da condenação final aos perdidos, aqueles que não aceitaram a mensagem de Cristo. Os crentes morrem uma vez e ressurgem para a vida eterna enquanto os ímpios são punidos com a segunda morte, a saber, a eterna.
A expressão que separa os salvos é esta não sofrerá dano da segunda morte, ou seja, de maneira alguma morrerá, mas partirá para a vida Eterna.

Deus vos abençoe ricamente!
Paz!
Pr. Daniel Aguiar

sábado, 3 de agosto de 2019

CARTA AS SETE IGREJAS DA ÁSIA - ÉFESO

A CIDADE DE ÉFESO: Tratava-se da maior metrópole da Ásia com 250.000 habitantes. Uma cidade portuária que recebia pessoas de todos os cantos se enriquecendo com o comércio. Possuía independência administrativa sem a pressão de Roma. Em seu seio havia um templo dedicado a deusa Diana/ Artemis e o misticismo era uma prática comum através de amuletos.

A IGREJA DE ÉFESO: Fundada pelo Apóstolo Paulo em sua Segunda Viagem Missionária (At 18.19), Paulo ficou um período de dois a três anos e com o tempo toda Ásia Menor foi alcançada pelo Evangelho (At 19.10; 20.31). Paulo trouxe prejuízo aos fabricantes de ídolos, principalmente Demétrio, o que resultou num motim que levou o apóstolo a se retirar de lá (At 19.21-40). Após isso ele se encontra com os líderes da igreja em Mileto e se despede deles (At 20.16-18). Esta igreja ainda foi pastoreada por Timóteo, Tíquico e acredita-se que até João e teve bons obreiros como Áquila e Priscila (At 18.27).
ESTRUTURA DA CARTA:
v.1 “Ao anjo da igreja...” A maioria dos estudiosos acredita que trata-se dos pastores desta (e das outras) igrejas. Não há como ser anjos protetores, pois a carta contém advertências.
v.1 “Aquele que tem... sete estrelas...no meio dos sete castiçais” Nada está oculto de Deus. Ele sustenta os líderes e está no meio de suas igrejas fiscalizando, advertindo, julgando e abençoando os fiéis (Ap 3.7)
v. 2 “Eu sei as tuas obras...paciência” Éfeso ainda era rica em obras. Cristo falou desta característica (Ap 2.2). Porém, já não praticava as obras que a haviam distinguido no início da fé: o amor que santificara ao Senhor Jesus. A igreja em Éfeso era rica em obras e pobre em amor. Não há obra tão elevada como amar a Deus (Dt 6.5)
v 2,3 “...e que não podes sofrer os maus... não te cansastes” Os efésios possuíam uma sólida base doutrinária. Tiveram como pastor, durante uns três anos, o maior teólogo do Cristianismo (At 20.31). Paulo lhe expôs todo o conselho de Deus (At 20.27). Além da epístola que o apóstolo lhes enviou (Ef 1.1-5). Aqueles cristãos doutoraram-se na Palavra de Deus, possuíam obreiros de comprovada excelência, o que os fez combater os hereges.
v.4 “Tenho porém contra ti... primeiro amor” Este era o problema daquela promissora igreja. Em sua epístola ele parabenizou o amor dos irmãos (Ef 1.15), porém aquela geração de princípios havia morrido. A nova geração era muito ocupada. Este primeiro amor fala do primeiro, intenso e profundo amor dos efésios por Cristo e sua Palavra. Conhecer a sã doutrina, praticar atos religiosos e ações sociais nada são senão tiver amor a Cristo e a sua Palavra (1Co 13).
v. 5 “Lembra-te, pois de onde caíste...” Cristo dá uma chance, mas a atitude deve ser de nós “lembra-te”, “arrepende-te”, “pratica as primeiras obras”. Três atitudes para o retorno a comunhão com Deus. A Bíblia exorta-nos a lembrar-nos de Deus, porque Ele jamais se esquece de nós (Ec 12.1; Is 44.21; 49.15). Nós corremos o risco de esquecer-nos daquEle que se esquece somente de nossos pecados (Hb 8.12).
v. 5 “...pratica as primeiras obras...” De nada serviria sucesso em suas segundas obras se as primeiras foram abandonadas. Nada para Deus prossegue após o abandono do amor. Se não devotarmos a Cristo o primeiro amor, como haveremos de ansiar por sua volta? Talvez, o anjo de Éfeso não esperasse o retorno do Senhor. O ativismo acabara por matar-lhe o primeiro e o segundo amor. Era-lhe urgente, pois, não somente amar a Cristo como antes, como também a Sua vinda como nunca.
v. 5 “...brevemente virei a ti...” Como noiva de Cristo devemos almejar por sua vinda assim como Paulo (2 Tm 4.8). Você realmente ama a vinda de Cristo? Em breve Ele voltará. Amém. Ora vem Senhor Jesus!
v. 6 “...aborreces as obras dos nicolaítas...” Possivelmente propagadores dos ensinamentos de Balaão que eram obras e se tornaram em doutrina (v.15). Acredita-se que se chamavam baalamitas. Ensinavam a imoralidade sexual como prática livre e que não afetaria em nossa espiritualidade. Os efésios combatiam tais heresias e Cristo a elogia por isso através de João. Era uma igreja que defendia a verdade e não a negociava.
v. 7 “Quem tem ouvidos ouça” Muitos tem ouvidos, mas não ouvem (2 Tm 4.3). Urge a necessidade de atentarmos para a Mensagem do Espírito a sua Igreja.
v. 7 “Ao que vencer...” Só venceremos se crermos em Cristo e permanecermos em seus propósitos. O Vencedor é aquele que treinou, competiu, venceu etapas e chegou ao fim da jornada. Ele não ouve o que dizem, mas ao que o Espírito diz. A todas as igrejas está reservada a recompensa aos vencedores. Dentre elas: a benção de comer da árvore da vida (Maná puro e santo, o que torna o homem eterno), não sofrer dano da segunda morte v. 11 (vida eterna) e receberá do maná escondido e um novo nome no céu v.17 (nova natureza e comemoração nas Bodas do Cordeiro), autoridade sobre as nações v.26, seu nome não será removido do livro da vida (3.5), será honrado diante de Deus e dos anjos (3.5), permanecerá com Deus em Seu templo e terá o Seu nome e da Nova Jerusalém (3.12) e será para sempre filho de Deus (21.7).

Deus vos abençoe!

terça-feira, 11 de junho de 2019

Ansiedade, o mal deste século. Oração, arma de combate


"Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos. Seja a vossa equidade notória a todos os Homens. Perto está o Senhor. Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que éhonesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se  alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai."
(FILIPENSES 4.4-8)



Introdução:

    O apóstolo Paulo escreve esta epístola dentro de uma prisão com o julgamento marcado. Neste contexto, ele recebe a revelação divina para dirigir uma mensagem aos cristãos da colônia grega de Filipos, igreja fundada por ele, há cerca de dez anos, durante a sua segunda viagem missionária (At 16.11-40). A distância entre as igrejas e a condição atual do missionário o impossibilitou de atender a todas, por esta razão ele comumente enviava cartas. O promissor obreiro Timóteo é incumbido de levar esta mensagem àquela igreja composta por cristãos cuja maioria era de origem grega. Vale salientar que o objetivo central do “pai das missões”, nesta epístola, não era o de exortar aquela crescente igreja, mas agradecer aos filipenses pela contribuição que enviaram e incentivá-los a permanecerem “firmes no Senhor” (4.1). Compreendendo o progresso daquela comunidade cristã, Paulo convida a jamais permitir que a tristeza os domine e os convida a se alegrarem em Deus.        Também orienta-os a serem justos em seu proceder para com os outros e, mais adiante, a não permitirem que a ansiedade prevalecesse contra eles, mas que ela fosse vencida por intermédio da oração a Deus, que resultaria numa paz perfeita que protegeria os seus pensamentos de tudo o que é negativo. Verdadeiramente a Bíblia é o livro da oração e sobre isso esse artigo se desdobra. 

1 – “Regozijai-vos sempre no Senhor...” (v.4)

    Paulo se preocupou com a manutenção da felicidade daqueles cristãos. Por esta razão, convida-os a se alegrarem. Tal alegria não se basearia em momentos terrenos de louvor aos prazeres carnais, mas “no Senhor”, a fonte inesgotável de toda felicidade. Ele queria tanto enfatizar tal necessidade que ele reitera: “Outra vez digo, regozijai-vos”.  É do conhecimento de todos que o mundo vive uma tristeza como nunca dantes vista. Há um vazio nas pessoas que buscam desenfreadamente satisfazê-lo com coisas banais que só iludem. Entretanto, há uma alegria indescritível, porém real, que só pode ser preenchida por Deus. O filósofo russo Fiódor Dostoiévski certa vez escreveu uma frase que se encaixa perfeitamente neste contexto: “Existe no homem um vazio do tamanho de Deus”.  O mundo hodierno está triste. Nunca se viu uma época de tamanho louvor à depressão e ao suicídio como em nossa era. Alguns casos de famosos recebem tantos louvores que os transformam em mártires da causa dos que não tiveram coragem de dar cabo de suas vidas, mas se tornaram incentivados por seus “ídolos”.  Compreende-se que não há escape para tal embaraço senão na pessoa de Cristo Jesus. Paulo insiste que todo salvo precisa se alegrar, regozijar, independentemente das circunstâncias, mas assumir a postura de Habacuque: “... todavia me alegrarei no Senhor...” (3.17,18).   2 – “Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.” (v.5) 

    Nesta ocasião, Paulo os conduz a serem justos em suas ações e que esta justiça seja em tudo plena e vista por todos os homens. O que o apóstolo queria era que os irmãos desenvolvessem um testemunho que condissesse com a sua pregação e que esse testemunho fosse observado por quem os observava. A situação é tão urgente que Paulo salienta que “Perto está o Senhor”. Esta afirmação pode ser aplicada de modo a entender que Deus está perto de nós observando a nossa conduta como também perto de nos levar para Si.  Da mesma forma, todos os cristãos devem desenvolver empatia e olhar para os outros não com a ótica da religiosidade sim da humildade, compreendendo o momento de cada um e ajudando-o a se levantar. 

3 – “Não andeis ansiosos...pela oração... sejam as vossas petições conhecidas...” (v.6)

    Segundo a escritora Elaine Cruz, em seu artigo “A cultura suicida”: “Os dias atuais estão cada vez mais estressantes, gerando um alto número de doenças emocionais e mentais...”  A ansiedade é conhecida como o mal deste século. Augusto Cury muito fala sobre este tema. 
    Trata-se de um sofrimento por antecipação por algo irreal. Neste contexto o indivíduo se desgasta e se enfraquece emocionalmente. Este é o reflexo daqueles que não conhecem a Cristo, pois se preocupam com o amanhã, não compreendendo que Deus é quem nos garante o futuro. Paulo recomenda que, para o ser humano vencer a ansiedade, um caminho precisa ser trilhado – converter os seus problemas em oração. Há uma gama de pessoas que na atualidade tem os seus problemas conhecidos por todos, no entanto jamais os apresentaram ao Senhor. O apóstolo está afirmando que o cristão não deve estar ansioso “por coisa alguma”. O apóstolo Pedro falando aos irmãos os conduziu a “lançar sobre Ele (Deus) toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós” (1Pe 5.7). Todas as petições e dificuldades do homem devem ser depositadas diante de Cristo. Tudo o que preocupa, entristece e deixa ansioso precisa ser abandonado, sendo convertido em oração, fazendo-o conhecido diante do Senhor. Todos os que recorrem a Cristo em momentos como estes estão com a mente perturbada por conta de suas dificuldades, todavia ao se prostrarem diante de Deus, tem como resultado o equilíbrio que só Ele pode dar. 

4 – “E a paz de Deus que excede todo entendimento...” (v.7)

    Uma das grandes consequências da ansiedade é o desequilíbrio. A mente do indivíduo se encontra em extremo desespero e turbação. Não há serenidade em seu interior e exterior. Por esta razão procura se enclausurar ou, como em grande parte dos casos, ingerir remédios para aliviar a ansiedade. No entanto, seus efeitos são rasos e não permanentes. Paulo afirma, sob orientação do Espírito Santo, que não há recurso melhor e mais eficaz do que a oração. No discurso paulino, compreende-se que quando aquele que sofre de ansiedade entra na dimensão da oração, seu estado é de completo desespero, todavia ele não ingere nenhuma substância humana, mas apresenta a Deus a sua causa e esse Deus, que é fiel, lhe concede a “paz”. Ele entra aflito, mas sai sereno, entra desesperado e sai calmo, abrandado pelo Consolador. Uma paz inunda o seu ser e ele adquire o equilíbrio dantes não visto. Não há psicólogo que explique tal providência divina. Não há filosofia religiosa que a decifre, pois já está escrito: “excede todo o entendimento.” O mundo está perturbado, as pessoas estão agitadas mental e fisicamente, porém Jesus oferece a paz permanente: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (Jo 14.27). 

5 – “Protegendo a mente” (v.8)

    Após o indivíduo apresentar ao Justo Juiz a sua causa por intermédio da oração, o Bondoso Deus lhe concede a Paz indelével. No entanto, compete ao cristão contribuir para a manutenção desta Paz protegendo o seu psicológico de todo pensamento de infelicidade. O apóstolo convida a todos a refletir sempre sobre tudo o que é justo, puro, amável, de boa fala, que há virtude e algum louvor. Ele frisa no final ao escrever “... nisso pensai”.  Faça como Jeremias que, diante dos escombros de Jerusalém, reuniu forças em Jeová e não permitiu que a tristeza o dominasse, mas deixou registrada a sua postura “Disso me recordarei no meu coração; por isso tenho esperança” (Lm 3.21). 

Conclusão:

A ansiedade, a depressão, as síndromes, muitas outras doenças psicossomáticas e o suicídio têm sido visto com grande normalidade em nossa era. A indústria de remédios para tais fins tem crescido vertiginosamente. O mundo necessita e clama pelo socorro divino. Tudo isso reflete a falta de comunhão com o Senhor. A oração é o meio de contato com os céus e é isso que o homem precisa desenvolver, como diz Gregory Frizzell, uma vida poderosa de oração.  Que Deus, a cada dia, fortaleça os seus filhos através da oração, pois somente por meio dela alcançamos a comunhão diária com o Criador e seremos orientados a vencer as ”astutas ciladas do diabo”. 

Saúde e Paz! 
Cabo Frio/RJ

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

“Bem-aventurado os pobres de espírito...”

O evangelista Mateus narra com maestria os ensinamentos de Jesus Cristo. De modo didático o escritor do primeiro Evangelho narra a parte inicial do sermão do Filho de Deus, conhecido como o Sermão da Montanha (ou do monte), que abrange os capítulos 5 – 7, cuja parte inicial é denominada de "Bem-aventuranças" ou "Beatitudes" (cap. 5.1-12).
Neste contexto Cristo, orienta a conduta dos seus servos contrapondo o sistema vigente e sua época. Tais orientações visavam fazer com que os homens agradassem a Deus em seu modo de viver.
Ao se deparar com a multidão reunida, o Mestre se encontrava diante do momento ideal para iniciar a sua pregação e, em todos os tópicos abordados nesse sermão, Ele sempre inicia com a frase: “Bem-aventurado”.
Tal termo tem origem no grego makarios que significa feliz. Segundo o historiador Homero, tal expressão fala sobre os felizardos. compreendemos por este contexto que ao iniciar os versículos com a expressão "Bem-aventurados" Cristo estava dizendo: “Felizardos sejam”.
A primeira parte abordada pelo Messias em sua preleção é dirigida não à elite da sociedade do primeiro século da era Cristã, mas à uma classe que Ele denomina como "pobres de espírito".
Esta frase tem sido muito mal interpretada ao longo dos anos pela famosa eugesese (termo popular que significa interpretação livre e pessoal), mas vamos compreendê-la diretamente à luz da linguagem bíblica neotestamentária.
Vale salientar que no hebraico, língua em que foi escrito o Antigo Testamento, pobre não era aquele indivíduo sem privilégios econômicos, mas os que necessitavam e buscavam o auxílio divino. Já no grego, língua original do Novo Testamento, tal palavra vem de ptochos, que significa grande pobreza, oriundo de rastejar ou se ajoelhar, atos praticados comumente por pedintes, mendigos (Lucas 18.35; Atos 3.2,3).
Vale destacar também que o vocábulo "pobres" possui um complemento, “pobres de espírito”, o que demostra a riqueza da mensagem de Jesus, pois assim como pobre (na raiz do grego e hebraico) representa dependência total de outrem, “pobres de espírito” fala sobre aqueles que dependem exclusiva e totalmente de Deus, e recorrem a Ele em busca de socorro.
O Salvador aqui está se dirigindo a um grupo seleto que reconhece que nada tem e conseguirá sem a Sua contribuição. São os humildes, não os altivos. São aqueles que agem como o publicano e não como o fariseu da oração no templo (Lucas 18.10-14). Aqueles que, como o Apóstolo Paulo, reconhecem que são miseráveis em sua natureza pecaminosa (Romanos 7.24) ou como Davi, que não oculta o seu pecado, mas o reconhece e clama ao Senhor em busca de misericórdia (Salmo 51).
Tal ação aproxima Deus do homem:

“Porque está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito.” (Salmo 34.18).

Tal ação faz com que Deus jamais se ausente de nós:

“Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” (Salmo 51.17)

Que a cada dia possamos desenvolver a nossa contínua e completa dependência de Deus. Reconhecermos que sem Ele nada somos e nada temos, pois a recompensa já foi declarada por Cristo:

“[...] deles é o reino dos céus”

São Paulo/ SP
15.01.2019

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

BATISMO EM ÁGUAS: IMERSÃO OU ASPERSÃO? EIS A QUESTÃO


     
            Este tem sido um dos assuntos que tem gerado grandes polêmicas e dividido algumas denominações protestantes ao longo dos anos.
Para entender este assunto primeiramente precisamos entender o sentido de cada um deles. O batismo por imersão, por exemplo, é aquele onde o batizando é imerso, ou seja, mergulhado nas águas. Aspersão pelo contrário somente a cabeça do batizando é molhada. Existe também a ablução onde o batizando toma literalmente um banho, mas não me aterei a este.
Independentemente da forma como é novo realizado percebemos que a água está presente representando a purificação. Por mais incrível que pareça o ato do batismo é mais simbólico, pois para Deus a transformação já ocorreu dentro do coração do novo convertido, onde a partir daí ele deseja publicamente (Colossenses 2.11,12) declarar tal ação, declarando o sepultamento do velho homem para o nascimento de um novo homem e fazer parte do corpo de membros da igreja. Trata-se de uma representação externa de uma mudança interna
Agora eis a questão. Muitas igrejas quando recebem membros oriundos de outras denominações optam pelo rebatismo (batizar novamente), anulando o primeiro (considerado errado) e adotando o seu, tido como verdadeiro.
Diante de tal ação penso se tratar de uma falta de real conhecimento bíblico sobre o tema, pois a ordem de Cristo não foi para imergir ou aspergir, a ordem foi clara:

Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. (Mateus 28.19)
            Aqui está o cerne da questão não é imersão ou aspersão. A ordem do batismo é que ele seja feito “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”
Mesmo crendo no batismo por imersão, tendo Cristo como exemplo. Vejo que Ele não entrou na água para receber uma pouco de água sobre a cabeça, mas para seguir a liturgia, ser submerso. A própria palavra batismo na língua grega (idioma em que o Novo Testamento foi escrito), significa: imergir, afundar, mergulhar.
Pastor o que eu faço caso eu receba um membro de outra denominação que foi batizado de modo oposto a minha?
Simples. Pergunte se ele foi batizado segundo a regra bíblica: “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”
Os apóstolos de Cristo batizavam em nome de Jesus apenas (Atos 2.38, Atos 8.16, Atos 9.5), o que também não pode ser considerado errado, pois Cristo é a representação da trindade entre os homens. Ao se batizar em nome dEle batizamos na representação da Trindade Divina.
Se se o recém-chegado a sua igreja foi batizado nesses casos e teve água considere-o batizado.
Muitos que adotam o batismo por imersão aceitam também o por aspersão, porém em casos especiais como doenças onde a pessoa se encontra impossibilitada de se locomover, mas tem o desejo de se batizar.
Creio que se for completamente errado não deveria ser aceito em caso nenhum.
O batismo é uma ordem divina que representa arrependimento e o desejo de uma nova natureza em Cristo, também chamado de Novo Nascimento:

“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”. (Atos 2.38)

Por esta razão grande parte dos protestantes não batizam crianças, por entenderem que o batismo visa o arrependimento e como a criança é inocente, não há dívida a ser paga, pois pecados não foram cometidos.
Deus vos abençoe ricamente!

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